Drogas e cachorros
Havia uma cidadezinha pacata em algum lugar da China, que possuía algumas casas, algumas pessoas e alguns cachorros. Um desses cachorros era um vira-lata solitário de aparência apática, um pouco gordo e amarelado. Nada de interessante acontecia na vida desse vira-lata. Fazia as mesmas coisas todos os dias e frequentava uma esquina não muito movimentada com alguns outros cachorros. Nesta esquina havia um açougue em que, com certa frequência, jogava os restos de carne para que os pobres animais matassem a sua fome. Tudo era sempre monótono. Até que um dia um novo cachorro chegou a rua. Um Rottweiler. Sua aparência era forte, cheia de cicatrizes no corpo, esbanjava imponência e confiança. Depois da chegada do novo cachorro, ele já não avistava mais com tanta frequência os outros demais. O vira-lata ficou se perguntando o porquê os outros animais estarem com uma aparência tão esquelética e triste, tinha esses pensamentos enquanto se satisfazia com as carnes. Descobriu, por outros cachorros, que o novo cachorro e o seu dono, do qual o cachorro nunca revelará quem é, tinha um tempero diferente para carne que a deixava deliciosa e que estavam indo experimentar. Mas, havia alguns cachorros que não aconselhavam a comer desta carne pois não sabiam se fazia bem, visto que os outros cachorros estavam estranhos e fracos. Pediam, por amizade ao vira-lata, para ele não comer da carne. Ignorando o conselho e bastante curioso. O vira-lata estava louco para provar do grande tempero. Percebeu que depois de um certo tempo, não conseguia encontrar os cachorros que lhe indicavam a carne, mas deixou isso pra lá. Enfim ele foi a procura do novo cachorro. Chegando lá, viu o enorme anfitrião, com o sorriso cheio de dentes enormes com olhos um pouco maior que uma semente de girassol; olhos tão negros como a noite mais escura, densa e profunda que o cachorro presenciara; profundos, mas tão profundo que parecia que estava olhando dentro do pobre animal, secando tudo