Domingo
O casamento dos dois não é resultado de nenhuma grande paixão; encontra-se, antes, fundado no desejo de organização da vida quotidiana: Jorge sente-se só após a morte da mãe; Luísa realizou o desejo de toda moça solteira, assumindo a posição de mulher casada _ _ . Não obstante, ambos vivem bem. Ele encontrou o carinho do qual necessitava e ela tem, afinal, seu homem. Ao mesmo tempo que apresenta esse mundo pacato, o narrador anuncia a chegada do personagem que o irá destruir. Luísa lê a notícia que seu primo Basílio está visitando Lisboa após longo tempo de ausência _ .
Mal ela comenta com o marido a novidade, entra outra personagem fundamental para a trama, Juliana, a criada de dentro. Luísa não esconde sua antipatia pela figura e já a teria despedido há muito, se Jorge não teimasse em mantê-la, em gratidão por ela ter cuidado de uma tia enferma _ .
À tarde, Leopoldina, amiga de infância de Luísa, vem vê-la. A visita provoca uma pequena tempestade familiar. Jorge não quer Leopoldina em sua casa, considera-a má companhia _ . A amiga tem de fato uma justa fama de possuir muitos amantes. Mas a rusga é breve. Luísa cede às razões do marido, este se acalma ao ver sua autoridade garantida _ _ .
Apaziguam-se os ânimos. Luísa gasta a tarde entre a leitura do final do romance A Dama das Camélias e as lembranças de seu namoro com o primo, interrompido quando ele partira para o Brasil, a fim de tentar resgatar a fortuna perdida com a falência de uma firma _ _ . Na época, ela tinha 17 anos e, sofrendo com a separação, caíra de cama com febre _ _ _ . Depois, conhecera Jorge e não pensara mais no assunto.
O domingo termina. Como sempre, alguns amigos visitam o casal. Julião Zuzarte, parente afastado de