Dogmática cristã
1. BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA E SEUS DOGMAS
A teologia é mais ampla do que os dogmas. Esses pressupõem o trabalho teológico. São, historicamente, resultados desse trabalho, frutos da teologia, embora o próprio cristianismo dogmático os considere como verdades reveladas e, por conseguinte, base e limite da teologia. Nem tudo que é teologia tornou-se dogma. Mas o surgimento e o desenvolvimento dos dogmas não podem ser entendidos nem apresentados sem que se conheça a teologia ou as teologias que levaram à sua elaboração.
Por isso, disse Harnack, o horizonte da história dos dogmas deve ser o mais amplo possível. De fato, sua “história dos dogmas” é uma monumental história da teologia das épocas caracterizadas pelo cristianismo dogmático. Em outros momentos e lugares históricos e outros contextos, outros autores não se concentraram mais, como Harnack, no esforço de mostrar o caráter histórico dos dogmas.
Conseqüentemente, publicaram suas obras sob o título “História da Teologia”. Assim o fez, por exemplo, Bengt Hägglund19. Para ele, “a expressão ‘história do dogma’” é um “título pouco satisfatório”. Ele constata que as “histórias dos dogmas” clássicas são, na verdade, histórias da “teologia cristã em geral”.
Hägglund não tem, como Harnack, a intenção de criticar os dogmas e de superar o cristianismo dogmático. Quer abster-se conscientemente de quaisquer julgamentos, embora no seu texto, depois, apareçam também algumas avaliações. Afirma, por exemplo, que o “sistema de doutrina” do teólogo alemão Friedrich Daniel.
Ernst Schleiermacher (1768-1834) “era essencialmente alheio à doutrina evangélica da fé”, com “reinterpretação e deturpação de elementos essenciaisda fé cristã”22. Hägglund tampouco escapa da necessidade de delimitar a área de abrangência de sua obra. Seu critério de delimitação é a assim chamada “regra de fé”, o resumo dos aspectos principais da verdade cristã. Entende a teologia como “explicação da