Documentário notícias de uma guerra particular
Direito e antropologia: uma aproximação necessária
Redação O Estado do Paraná
Alexsandro Eugenio Pereira
A diversidade cultural é um dos objetos constantes da reflexão humana e, porque não dizer, um dos mais salutares. Historicamente, a forma por meio da qual a humanidade lidou com a diversidade cultural sofreu variações que foram da rejeição à aceitação da diferença cultural. A partir do século XVI, porém, os intensos contatos estabelecidos entre europeus e povos nativos da América, da África e, mais tarde, da Oceania geraram reflexões filosóficas e sistemáticas a respeito da diversidade cultural. Essas reflexões fundamentaram e justificaram o desenvolvimento de uma nova ciência na segunda metade do século XIX, denominada de Antropologia.
Nesse século, a análise antropológica foi influenciada pela idéia de evolução biológica formulada pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Essa idéia terá repercussões nas Ciências Humanas em geral e, particularmente, serve de fundamento para os estudos a respeito das culturas formadoras da humanidade. Neste momento, a análise antropológica estabelece uma classificação das diversas culturas humanas segundo estágios pré-estabelecidos de evolução. Lewis Henry Morgan (1818-1881), por exemplo, estabelecerá três estágios distintos: a selvageria, a barbárie e a civilização. Não por acaso, as culturas européias são tomadas como referência para se pensar este último estágio de evolução da humanidade para o qual caminhariam as demais culturas. O europeu é o civilizado. Seu domínio sobre suas colônias na América, na África e na Oceania poderia contribuir para acelerar a evolução dos povos “atrasados” nativos desses continentes. A colonização européia estaria justificada, tendo em vista a necessidade de integrar à humanidade culturas consideradas pouco evoluídas. A teoria evolucionista do século XIX é, portanto, etnocêntrica ao estabelecer uma hierarquia entre