Lucro para marx
Lucro e taxa de lucro médio: os preços de produção
O lucro como forma mistificada de mais-valia; o preço de custo[2].
Ricardo divergiu de Smith ao distinguir radicalmente o valor ou preço natural, imediatamente identificado com relações de troca, das parcelas distributivas, inclusive a taxa de lucro. Para Ricardo, o valor se determina à margem das relações distributivas, e, nesta medida, o custo pode ser inequivocamente expresso em trabalho, a despeito da existência de uma taxa de lucro do sistema.
A posição de Ricardo foi contestada por seus contemporâneos, por supostamente fazer omissão do lucro na determinação das relações de troca. Entre outros, Malthus sustentou que o valor relativo das mercadorias deveria levar em conta o dispêndio de capital e o lucro médio. O trabalho seria no máximo uma medida imperfeita de valor e jamais, por si só, fonte de valor ou elemento explicativo das proporções de troca. Na formulação de Malthus, a intercambialidade envolveria o lucro contido nas mercadorias.
Ricardo contesta Malthus, mas são bem conhecidos seus embaraços ao explicar a determinação do valor relativo pelo trabalho, quando se consideram mercadorias produzidas com diversas combinações de capital fixo e capital circulante. Nesse caso, as variações na taxa de lucro afetariam o valor relativo das mercadorias, o que colide com a exclusividade do trabalho na determinação do valor. Embora retirasse em um primeiro momento o elemento capitalista da configuração da norma mercantil, dissociando valor e preço de custo (entendido como preço que leva em conta a taxa média de lucro), Ricardo hesitou ao tratar dos efeitos da mudança da taxa de lucro sobre capitais de distintas combinações de capital fixo e circulante.
Esse debate impregna a concepção marxiana de preços de produção, e de certo modo preside a apresentação do “problema da transformação”. Ao distinguir o preço de custo do valor, Marx pretendeu responder ao dilema ricardiano, sem fugir às