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O problema de alimentar, abrigar, vestir e cuidar dos sofridos civis europeus (e de milhões de prisioneiros de guerra das ex-potências do Eixo) foi agravado e aumentado pela escalada sem precedentes da crise dos refugiados. Esse era um componente inaudito na experiência européia. Todas as guerras afetam as vidas das populações civis: destruindo-lhes terras e lares, interferindo no sistema de comunicação, recrutando e matando maridos, pais, filhos. Mas, na Segunda Guerra Mundial, foi a política do Estado, não o conflito armado, que causou os maiores danos.
Do leste vinham bálticos, poloneses, ucranianos, cossacos, húngaros, romenos e outros povos: alguns apenas fugiam dos horrores da guerra, outros escapavam rumo ao oeste, para não serem submetidos ao regime comunista.
Quando acabou a Primeira Guerra Mundial, as fronteiras é que foram inventadas e ajustadas, enquanto, de modo geral, as pessoas ficaram onde estavam.7 Depois de 1945, aconteceu exatamente o oposto: com uma grande exceção, as fronteiras permaneceram basicamente intactas e as pessoas foram deslocadas. Entre os estrategistas políticos ocidentais observava-se o sentimento de que a Liga das Nações e as cláusulas relativas às minorias nos Tratados de Versalhes haviam fracassado, e que seria um erro qualquer tentativa de ressuscitá-las. Por isso, os estrategistas concordaram prontamente com as transferências de populações.Se as minorias sobreviventes na Europa Central e Oriental não podiam contar com uma proteção internacional eficaz, seria melhor que fossem despachadas para locais mais favoráveis. A expressão “limpeza étnica” ainda não existia, mas é certo que a respectiva realidade sim — e estava longe de suscitar grande desaprovação ou constrangimento.
Contudo, depois que o