doce rio
Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto (Beira, 5 de
Julho de 1955), é um biólogo e escritor moçambicano. Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de
Abril de 1974. Além de considerado um dos escritores mais importantes de
Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da
Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do
Livro do Zimbabué. Em 2007, foi entrevistado pela revista Isto É.3 Foi fundador de uma empresa de estudos ambientais da qual é colaborador. Em
2013 foi outorgado com o Prêmio Camões, que lhe foi entregue em 10 de junho no Palácio de Queluz pelas mãos do presidente de Portugal Cavaco
Silva e da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Estas estórias foram escritas depois da guerra. Por incontáveis anos as armas tinham vertido luto no chão de Moçambique. Estes textos me surgiram entre as margens da mágoa e da esperança. Depois da guerra, pensava eu, restavam apenas cinzas, destroços sem íntimo. Tudo pesando, definitivo e sem reparo.
Hoje sei que não é verdade. Onde restou o homem sobreviveu semente, sonho a engravidar o tempo. Esse sonho se ocultou no mais inacessível de nós, lá onde a violência não podia golpear,