Do clássico ao paradoxal: qu’est ce que l’amour? teoria&prática
Horácio dos Santos Ribeiro Pires[1]
Combustível da vida, alimento da alma, prisão sem grades, vassalagem voluntária. Assim é o AMOR, tema rico em matéria de compreensão e amplitude, mas vago quando definido. É tão espetacularmente amplo e vasto de significado e significância que torna as palavras insuficientes, inexpressivas, vazias, encontrando no Silêncio o maior aliado: resumindo-se a um trocar d’olhos, um pequeno toque, um suave suspiro. É divino e sublime – daí o expressar-se pelo silêncio – e é nele que está sua origem e repouso – até mesmo intocável, embora sejamos constantemente por ele tocados; é inalcançável, ainda que o coração nos alcance. É por último –, mas não menos importante – é inatingível, ainda que de todos a essência atinja. Sublima os sentimentos, sensações e a mais vil de todas as criaturas – se é que esta exista. Tudo suporta e padece, não se enciúma nem tampouco ensoberbece, nega a si mesmo e, para si, nada importa, sendo o outro, ah! O outro... Esse é quem tem mais valor. Não se conjuga com o EU, e sim com o NÓS. Não acontece para ser feliz, mas para fazer feliz. Dá-se por inteiro, faz qualquer sacrifício, perpassa os limites da humanidade e a ela transcende. Divinifica-se num constante ir e vir e devir, pois se fortifica na moção, no dinamismo, no movimento e ao longo do caminho. Apesar desse caráter divino, o amor é repleto de antagonismos que, miraculosamente, permitem que este permaneça imaculado e transcendental, posto que perpassa sociedades e épocas, mantendo-se clássico e único. E é bem aqui, neste emaranhado de pensamentos e paradoxos que surge a dúvida que não cala: Qu’est ce que l’amour? (O que é o amor?). Todos temos uma concepção própria a respeito desse sentimento que move a vida e que se expressa em Ágape, Eros e nas diversas e infinitas maneiras de amar, invade pensamentos... toca corações... une vidas... consome... lateja...