Divagações
Talvez fosse melhor dizer: jogando conversa fora como quem não tem o que fazer. Mas não é assim mesmo que as coisas acabam saindo de nossas cabeças? Há quem diga que falar na primeira pessoa não é de bom tom, com licença do galicismo. Será que deveria preferir o plural para ficar mais consentâneo com o modo de ser, assim meio que escondido no meio da multidão? Não. Haveria de ficar muito formal para a ocasião e fora da realidade subjetiva que anima o momento. Então, permaneço singular mas não adstrito a mim mesmo, isto é, sem egoísmos.
Remoendo o frio de uma notinha de sábado, em pleno inverno de seis graus ─ para nós, centro-oestinos, uma loucura! ─, degusto o vinho que me fica à esquerda (dizem que o vinho, moderado, faz bem ao coração, e o lado esquerdo é, portanto, simbologicamente, bem apropriado para o momento), em taça de cristal, ainda que não originária da Beócia, bebericando, pensando na vida: o que fazer do momento? Irritam-me as mesmices da televisão. O futebol já se foi, que pena! Resultado bom para palmeirenses detonando peixes, na quinta, mas horripilante para são-paulinos, no sábado, por causa da vitória baiana, do Vitória (o nome já o coloca numa posição privilegiada). O fato embora passado é sempre presente nas discussões cotidianas, nunca muda mesmo! Passa ano, entra ano, uns sobem, outros descem. Hoje um vence, amanhã perde. É a tônica futebolística, imitando a vida.
O domingo está quase chegando e com ele as disputas que não têm prognósticos, pois nos falta o célebre polvo alemão, que a tudo enfrentava e adivinhava, com invejável acerto, parecendo a voz de Deus. Não havia como concorrer com seus tentáculos cerebrais, nem com sua apreciável inteligência.
Mas, eis que de repente me vêm algumas idéias. E remoo – com perdão da repetição verbal - cá com meus botões: será? Nunca acreditei muito em mim mesmo, pelo contrário, sempre vi carência em minhas produções, ainda que os amigos repetissem, insistentemente, em meus ouvidos