As viagens na minha terra
Género da obra: narrativa (romance)
Eu gostei de ler este livro uma vez que apresenta dois planos narrativos distintos: a descrição da viagem feita por Almeida Garrett de Lisboa a Santarém, intercalada com inúmeras divagações e reflexões do autor, e a narração do romance entre Joaninha e Carlos, situado na época de lutas civis entre absolutistas e liberais.
Particularmente, apreciei bastante, por um lado, as digressões de carácter histórico, artístico, filosófico e político que enriquecem a obra e as críticas à decadente situação do país, nomeadamente ao materialismo da sociedade de oitocentos. E, por outro lado, as considerações do escritor ao visitar pontos históricos das localidades por onde passou, no decorrer da sua viagem. De quanto o autor viu, ouviu, pensou e sentiu resultaram textos descritivos, narrativos e expositivos com um vocabulário rico, cuja linguagem se aproxima da linguagem oral, sem, no entanto, deixar de ser literária.
Considero interessante como motivação à leitura da obra o facto de as viagens a que o título se refere não dizerem respeito apenas a um aparente deslocamento físico, pois acho que enquanto Garrett viaja até Santarém outras viagens são também feitas através das suas reflexões e divagações pelo passado e pelo presente, projetando as suas expetativas num futuro melhor. Para além disso, há um permanente diálogo que o autor trava com o leitor (“benévolo e paciente leitor”), o que considero ser um aspeto curioso, bem como também uma forte intertextualidade dado que Almeida Garrett cita diversos nomes da literatura e da filosofia, o que permite reforçar e clarificar os seus pontos de vista.
As personagens de que eu mais gostei foram Joaninha e Carlos, protagonistas da história de amor no tempo da guerra civil em Portugal. Ambos foram criados no vale de Santarém pela avó D. Francisca, sendo primos.
Joaninha, conhecida como a “Menina dos Rouxinóis”, é uma jovem de 16 anos com cabelos quase pretos,