Ditadura e serviço social
O processo de autocracia burguesa
O governo Figueiredo demarcou a incapacidade da ditadura se reproduzir emface do acúmulo de forças de resistência democrática e da ampla vitalização domovimento popular devido ao reingresso da classe operária urbana na cena política. É nogoverno de Figueiredo que o projeto de autorreforma do regime ditatorial fracassa devidoao confronto entre a estratégia aberturista do regime e as aspirações e tendências àdemocracia que impede o regime ditar suas regras.A autocracia burguesa evoluiu diferencialmente em três momentos: o primeiroque vai de abril de 1964 a dezembro de 1968 cobrindo o governo Castelo Branco e partedo governo Costa e Silva é marcado pela busca de uma base social de apoio quesustentasse as iniciativas da ditadura. A aliança vencedora não feriu o andamento formalda vida legislativa e se comprometeu com o calendário eleitoral, mas seus esforços nãoforam suficientes para impedir uma erosão na unidade dos parceiros do pactocontrarrevolucionário e as forças antiditatoriais buscaram mecanismos de rearticulação. Odinamismo essencial da erosão radicava em que a orientação econômico-financeira donovo governo colidia com a composição incomum do pacto contrarrevolucionário: asmedidas racionalizadoras, quer em face da desaceleração do crescimento quer em face desuas prospecções para o modelo econômico, rachavam a unidade conseguida as vésperasde abril, aqui, a implementação do Plano de Ação Econômica do Governo é canônica. Nocampo dos trabalhadores a liquidação da estabilidade no emprego e uma política salarialdepressiva só faziam distanciar o governo e a massa trabalhadora. As dificuldades doprimeiro governo dos golpistas são grandes em todas as frentes, o primeiro deles é osistema político institucional onde o arcabouço herdado do período pré-64 impunha-lhesum ritmo lento, negativo a afirmação à nova ordem. O segundo se refere à coesão daforça tutelar do novo poder, a corporação armada, onde começou a emergir