Ditadura e Serviço Social
O processo global que acabou por forma e substância a este país novo, ainda não está inteiramente elucidado, embora sejam incontáveis as análises setoriais (muitas delas extremamente esclarecedoras) incidentes sobre ele. Trata-se de um fato de um processo global e unitário, uma unidade de diversidades, diferenças, tensões, contradições e antagonismos. Nunca escapou aos analistas da ditadura brasileira que sua emergência inseriu-se num contexto que transcendia largamente as fronteiras do país, inscrevendo-se num mosaico internacional em que uma sucessão de golpes de Estado (relativamente incruento, uns como no Brasil, sanguinolentos, outros, como na Indonésia) era somente o sintoma de um processo de fundo. A finalidade da contra-revolução preventiva era tríplice, com seus objetivos particulares íntimos e necessariamente vinculados: adequar os padrões de desenvolvimento nacionais e de grupos de países ao novo quadro do inter-relacionamento econômico capitalista. Nas condições brasileiras de então, as requisições contra a exploração imperialista e latifundista, cresceram as reivindicações de participação cívico-política ampliada, apontavam para uma ampla reestruturação do padrão de desenvolvimento econômico e uma profunda democratização da sociedade e do Estado. Toda a movimentação sociopolítica de 1965 a março de 1964 gira em torno da solução a ser encontrada. O arco de alianças que sustenta Gulart vai perdendo sua relativa autonomia política em face da premência de decisões que a dinâmica econômica precipitada pela crise. O Estado que se estrutura depois do golpe de abril expressa o rearranjo político das forças socioeconômicas a que interessam a manutenção e a continuidade daquele padrão, aprofundadas a heteronomia e a exclusão. Política Social, enquanto política social determina, demarca um terreno de intersecção em que as especificidades próprias ao mundo da