Distanasia
O conceito de morte vem se transformando ao longo dos séculos influenciado por diversos fatores como a cultura de uma sociedade, a religião e os valores éticos e morais de seus indivíduos. Antes, o morrer era recluso ao lar, encarado com naturalidade pelo doente e por sua família. Todos, inclusive as crianças costumavam participar dos rituais de despedir-se do sujeito, de seu velório e enterro.
Através do tempo institucionalizou-se o morrer, tornando a morte algo distante. O hospital se transformou em uma instituição voltada para o processo de cura e o paciente próximo da morte tornou-se uma ameaça à função médica. Assim, a morte deixou de ser considerada como o desfecho natural da vida para tornar-se algo incômodo que precisa ser escondido.
Os avanços tecnológicos e científicos tiveram sua importância na visão atual do que significa morrer. "Esta tecnologia permitiu um controle sem igual das funções fisiológicas do paciente, podendo prolongar sua vida nos momentos finais" .
Mota diz que até os anos 70 a tecnologia médica era mais limitada e de menor impacto, porém um desenvolvimento surpreendente nas últimas décadas mudou este quadro. O surgimento de novos medicamentos, aperfeiçoamento de aparelhagem e técnicas tornaram a morte menos próxima. Moreira diz que a tecnologia instrumentalizou também o morrer.
O sucesso na cura e no tratamento de muitas doenças, fizeram com que a medicina mudasse seu foco do cuidado com os pacientes para uma busca obstinada do processo curativo. Ainda de acordo com Pessini, apesar de cuidado e cura não serem contraditórios, a ênfase no segundo prejudicou o primeiro.
Neste mesmo período, em 1970, o oncologista Van Resselaer Potter criou o termo bioética visando integrar diferentes aspectos das ciências humanas e biológicas através da ética. De acordo com Potter apud Cohen e Gobbetti, "a bioética é a forma de integrar as ciências e as humanidades para se atingir uma nova sabedoria através do conhecimento biológico