Noções de Gnosiologia
Damião Cândido de Sousa
I – ORIGEM DO CONHECIMENTO
A filosofia, desde a sua origem, caracteriza-se pela busca pelo ser1, e esta busca tem por finalidade a verdade2. Ora, essa idéia primeira tem por base a capacidade que o ser humano tem para conhecer3, no sentido de que o sujeito se dá conta de que está diante de uma realidade, e por isso estabelece uma relação entre o que as coisas são e o sentido que ele mesmo dá a elas.
Não é tão simples distinguir sobre quem está determinando quem: não se sabe se são as coisas que possibilitam o conhecimento no ser humano ou se o ser humano elabora o conhecimento somente a partir de sua capacidade intelectiva. Se se é visto pelo lado do sujeito, o conhecimento é a capacidade do sujeito invadir a esfera do objeto e recolher suas propriedades. “Visto pelo lado do objeto, o conhecimento apresenta-se como uma transcendência das propriedades do objeto para o sujeito”4. Aqui o sujeito deixa-se conduzir receptiviamente perante o objeto, porém de forma ativa e espontânea, pois, o que é determinante é a imagem elaborada pela consciência.
É por essa correlação entre sujeito e objeto que se diz que todo conhecimento implica um objeto “que é independente da consciência cognoscente”5. O objeto é real quando é inferido pela experiência externa ou interna do sujeito; o objeto é ideal ou irreal quando é meramente pensado, tais como os números e as figuras geométricas. Porém, essa relação só é estabelecida dentro do âmbito do conhecimento, pois tanto o sujeito como o objeto são possuidores de ser que não se resume nessa relação, isto é, existem propriedades desconhecidas que não se deixam demonstrar pela simples relação sujeito-objeto.
Entretanto, é fundamental essa relação entre sujeito-objeto para a determinação da verdade, pois o conhecimento verdadeiro só é possível de ser detectado a partir da referência ao objeto.
O conceito de verdade relaciona-se intimamente com a essência do conhecimento.