Discurso
Este é um dia de consagração nacional, e estou certa de que os meus compatriotas portugueses esperam que, na minha devotada carreira de deputada, me dirija a eles com franqueza e a decisão que a situação que vivemos exige.
Este é, mais do que qualquer outro, um tempo para dizer a verdade, toda a verdade, de maneira franca e direta. Esta grande nação há-de aguentar-se, como sempre se aguentou, e prosperar como sempre o fizera.
Primeiro que tudo, seja-me permitido afirmar a minha segura convicção de que a única coisa que devemos recear é o próprio medo – esse terror injustificado que paralisa os esforços que temos de fazer. Sim, temos de combater o medo para converter o recuo em progresso.
Em todas as horas negras da nossa vida nacional, uma liderança franca e forte obteve por parte do povo a compreensão e o apoio que são essências à prosperidade. Estou convencida de que o povo confiará nos seus líderes nestes tempos críticos.
É neste espírito, da minha e da vossa parte, que temos de nos confrontar com as dificuldades. Que, graças a Deus, apenas dizem respeito a coisas materiais. Os valores ficaram reduzidos a níveis históricos. Os impostos subiram, a nossa capacidade de pagar desceu, o governo confronta-se, em todos os domínios e a todos os níveis, com redução do poder de compra que se traduz no comércio, na indústria e em todos os setores. As folhas secas da indústria estão espalhadas pelo solo, os agricultores não encontram mercado para os seus produtos e as poupanças de muitos anos desapareceram.
E em verdade, só um otimista néscio seria capaz de negar a negra realidade desta hora.
E, contudo, estes sofrimentos não resultam de um fracasso de fundo. Não fomos atingidos por uma praga de gafanhotos. Fomos atingidos por uma crise que