Diretas Já
INTRODUÇÃO
O Estudo dos vinte e um anos que se seguiram ao golpe militar de 1964 é ainda algo a um só turno fascinante e controverso. Efervescência política, milagre econômico e crise, lutas democráticas e memórias em disputa marcam este período seja qual for o recorte espacial adotado pelo pesquisador. Ao fim, num contexto de abertura política tutelada, os espaços democráticos começam a se ampliar novamente. A campanha pela anistia pela anistia total e irrestrita e o sucesso do
MDB nas eleições de 1982, mas que um retorno da nação ao cenário político, representou a gestação da negação de um regime de exceção. Nesse sentido, em
1983, o deputado federal do Estado do Mato Grosso Dante de Oliveira propõe o projeto de emenda à constituição de 1967, nº 5 de 1983, que previa a realização de eleições diretas para Presidente de República em 1984. Tendo consciência que é papel do historiador desmistificar edificações factuais, acreditamos que a “emenda
Dante de Oliveira” como ficou conhecida, não foi necessariamente um marco na ampliação dos espaços democráticos, mas fruto de um movimento gestado na brecha concedida pela abertura tutelada e mais ainda, um reflexo de um movimento ainda sem contornos definidos e pouco acreditado nos idos de 1983, mas que se define, ganha forma e devolve a voz popular aos principais centros urbanos. Este movimento, com começo, meio e fim, que nasce de uma articulação política com apoio popular paulatino e finda junto com a frustração da nação ao ver rejeitada a emenda Dante ficou conhecido como Diretas Já.
Nesse contexto ainda de censura aos meios de comunicação e imprensa, surgem chargistas que com arguta percepção política e com seus desenhos transformaram a irreverência do traço em forma de criticar e resistir ao regime.
Destacam-se, nesse contexto, chargistas como Henrique Souza filho, o Henfil, criador dos fradinhos, da graúna, do boizebu, entre ourtros que se tornaram bastante populares, saindo das