administração
Thomaz Wood, Jr.
Revista de Administração de Empresas (RAE) - Set,/Out. 1992 Henry Ford e a produção em massa Será abordado, a seguir, o surgimento do conceito de produção — e consumo — em massa, focalizando a indústria automobilística.
Poucas como ela espelham tão bem os processos de mudança ocorridos neste século. Sua evolução está diretamente ligada ao desenvolvimento do pensamento gerencial e das escolas administrativas. Se hoje este vínculo é menos evidente, não é menos verdade que o seu estudo e a sua análise ainda podem fornecer valiosos subsídios para compreensão dos fenômenos organizacionais.
O início do ciclo de produção capitalista caracterizou-se fundamentalmente pela separação do trabalhador dos meios de produção. Mas foi o surgimento das grandes fábricas e das linhas contínuas que aceleraram as mudanças, alterando radicalmente os sistemas organizacionais.
Na indústria automobilística, durante o período de produção manual, as organizações eram descentralizadas, ainda que localizadas numa única cidade. O sistema era coordenado diretamente pelo dono, que tinha contato com todos os envolvidos: clientes, operários, fornecedores etc.6
O volume de produção era baixo, o projeto variava quase que de veículo a veículo e as máquinas-ferramenta eram de uso geral.
A força de trabalho era altamente especializada e muitos empregados tendiam a abrir sua própria empresa após alguns anos de experiência.
Os custos de produção eram altos e não caiam com o aumento do volume. Só os ricos podiam comprar carros que, em geral, eram pouco confiáveis e de baixa qualidade.
No final do século XIX, a indústria estava atingindo um patamar tecnológico e econômico, quando Henry Ford introduziu seus conceitos de produção, conseguindo com isto reduzir dramaticamente custos e melhorar substancialmente a qualidade.
O conceito-chave da produção em massa não é a idéia de linha contínua,