DIREITO
“Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.” - 65% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente.
“Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros.” - 58,5%, idem.
Pronto. Os portais de notícias reproduziriam em letras garrafais o resultado do "Brasil medieval" , as feminazi ficariam escandalizadas, os “especialistas” viriam em seguida comentar que “as mulheres ainda são vistas como propriedade”, o lobby para novas políticas públicas iria aumentando e os políticos apareceriam para atender ao apelo geral com propostas de leis, sem que ninguém soubesse afinal se foram eles mesmos que me encomendaram a pesquisa com este objetivo, muito menos se os métodos usados condizem com a impressão resultante. Não é a toa que ainda tem muita menina que é proibida pela própria mãe de ficar em casa de shortinhos curto, porque tem primos ou irmãos “homens em casa”. Parece absurdo, mas isso existe! Meninas já nascem vítimas em potencial para um estupro. E as mesmas mães que as “protegem”, aceitam a probabilidade de seus filhos virarem abusadores, como se fosse coisa normal de homem, uma simples molecagem. Quantas vezes homens de bem não dizem aos amigos que “partiram para o ataque” com fulana, querendo dizer que apenas a abordaram de forma mais incisiva, mostrando o quanto querem ter com elas alguma relação? Quantos não estimulam os outros a deixar de lero-lero e “partir para o ataque”? Quantas mulheres não adoram ser “atacadas” neste sentido pelos homens? Se, para 65% dos entrevistados, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas“, como saber quantos entre eles julgaram que elas “merecem” ser criticadas, abordadas ou “cantadas” por isso? E, principalmente, quantos não exageraram o seu desapreço pelo suposto exibicionismo feminino – quiçá imaginando as filhas (ou as concorrentes, no caso das esposas) de bunda de fora – sem desejar com isso que elas fossem de fato