Direito
1. INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir se manifesta a partir do texto “A existência é um humanismo”, de autoria de Jean-Paul Sartre. O filósofo enfrenta e esclarece o tema da complexidade que se tem em definir “existência” e “essência”, para Sartre de nada serve a vida interior ou suas explorações e, entretanto, ele não acredita na existência de algo como uma vida interior, pois tudo é exterior à consciência, o que tentou provar em sua crítica a Husserl1. Sendo assim, afirmar que a existência precede a essência fica evidenciado no caso de seres humanos: eles não estão determinados a ser o que são através de uma natureza humana permanente de que participam; é da natureza do homem não ter natureza, seguindo por este ponto, suas vidas consomem-se numa busca de auto-definição inencontrável nas condições em que são buscadas. Encontrando-se uma definição, será um caso de decisão, não de descoberta: tudo o que somos é o que decidimos ser e não podemos, portanto, realmente ser isso, pois há sempre a opção de decidir diferente.
Se Sartre possui uma antropologia filosófica central, é esta, mas digo isso aqui para acenar que, embora ela possa explicar o que quer dizer com nossa existência precede nossa essência, nenhuma explicação poderia ser dada de como isso poderia ser aplicado às coisas. Sartre diz que “o homem é apenas aquilo que faz de si mesmo2”. “Eis o princípio básico do existencialismo”. Conforme vamos ver, é uma consequência da maneira pela qual a consciência está organizada. Segundo o autor, significação última de sua expressão “devemos começar do subjetivo3”. “O homem é [...] um projeto que possui uma vida subjetiva”. O filósofo em questão aborda dois aspectos fundamentais, definindo o ser em-si (o próprio ser), e o ser
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Cf. DANTO, Arthur C. As ideias de Sartre. São Paulo: Cultrix, 1975. p. 49. “Em A Transcendência do
Ego, ele desenvolveu um impressivo argumento contra seu mestre