direito
Carlos André Cordeiro de Oliveira (1), Genilda Azerêdo (3)
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes/ Departamento de Letras Estrangeiras Modernas/MONITORIA
Resumo
Esta comunicação visa a apresentar alguns resultados do Projeto de Monitoria intitulado "Palavra revivida e reinventada: lirismo, humanização e sala de aula", coordenado pela professora Genilda Azerêdo e vinculado aos estudos do texto poético. O presente artigo objetiva analisar o poema Mãos Dadas, de Carlos Drummond de Andrade, a partir de suas possíveis inter-relações entre a sociedade e o lirismo, bem como a capacidade de humanização através de sua literariedade. Constitui-se em um exercício de análise de poema que tem como fundamento os princípios de sensibilização (Eliot), humanização (Candido) e lirismo (Adorno), com vistas ao desenvolvimento e aprimoramento da capacidade crítica e reflexiva do leitor quanto à apreensão do poema como objeto estético e humano.
Palavras-chave: lirismo; humanização; poesia
1. Análise Preliminar
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida futura e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
Inicialmente, percebe-se, através do título, aquilo do qual o poema não irá jamais se distanciar: a capacidade de a humanidade construir um presente melhor através da solidariedade, da fraternidade, da compaixão, sem precisar afastar-se da concretude da vida presente, da