Direito
A tecnologia avança e facilita a vida das pessoas. As distâncias se reduzem e tudo fica mais rápido. São evoluções que deveriam fazer com que todos tivessem mais tempo disponível para aquilo que tanto desejam. Porém, o que se observa no mundo corporativo é uma generalizada falta de tempo. É uma síndrome que ataca a todos, sem distinção. No dia-a-dia, somos envolvidos em uma série de tarefas, atividades e dificuldades que formam o que chamo de crise diária, expressa por diferentes sentimentos: "Estou sobrecarregado", "Eu sou só um", "Lá se foi o meu almoço", "Meu dia deveria ter mais de 24 horas", "Não dá tempo de fazer nada", "Nossa, já estamos no final do mês?", "O tempo voa", "Você não tem a metade das coisas que eu tenho para fazer..."
A crise diária preenche, absorve e consome boa parte do tempo que temos disponível. Mas tudo isso é apenas efeito de uma causa maior. É preciso ir a fundo para compreender o verdadeiro motivo da falta de tempo. O tempo total disponível é igual para todos. Alguns deixam a nítida impressão de que têm um maior crédito de tempo. Um empresário que conheci em um dos programas de educação que conduzo é um exemplo vivo. Tem total domínio e decide exatamente o que fazer, dedicando-se à direção de sua empresa, à convivência com sua família e seus amigos, a aumentar sua "musculatura intelectual" e ainda participar de movimentos sociais. Segundo ele, a arte está no equilíbrio e propósito do que considera importante para sua vida. Conheço também pessoas que têm muita pressa em chegar a lugar algum. Embarcam em tudo o que vêem pela frente. Almoçam enquanto dirigem, falam desenfreadamente ao celular, marcam três coisas ao mesmo tempo. Acreditam que com isso estão realizando mais. Na verdade, estão vivendo menos.
A cada novo dia nosso saldo é alimentado com um crédito de 86 400 segundos. O tempo não pode ser estocado, comprado, trocado, recuperado ou renovado. Não aproveitá-lo de modo produtivo significa perdê-lo para sempre.