Dimensões ideológicas

Dimensões Ideológicas em discursos político-educativos governamentais produzidos em Portugal nas duas últimas décadas do século XX

Em Portugal as últimas décadas do século XX foram marcadas por profundas transformações sociais, desde a queda de um regime ditatorial, passando por um período revolucionário até à adesão à Comunidade Económica Europeia. Até se chegar a um período de estabilização, várias reformas foram levadas a cabo em praticamente todos os sectores. O sector educativo não foi excepção. Nos anos que se seguiram à revolução de Abril, o clima sentido nas escolas era de grande instabilidade e conflitualidade, dado que, se vivia “num ambiente de radicalismo ideológico” onde imperavam grandes contradições e combates políticos. Nesta época, muitas das escolas experienciaram movimentações contestatárias, demagógicas, que apelavam ao facilitismo e que nada tinham a ver com as directrizes da tutela. A incapacidade e instabilidade governativa que se sentia, não só na educação, levaram à queda do I Governo provisório. Com a chegada ao poder de um novo Governo, ainda provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, é nomeado para chefiar a pasta da Educação Vitorino Magalhães Godinho. É definida então uma política educacional que não estivesse refém da continuidade da reforma de Veiga Simão, dado que, qualquer reforma que estivesse associada ao antigo regime era alvo de contestação.
Esta nova linha orientadora pressupôs o abandono da Lei 5/73, tendo como efeitos a suspensão de medidas relativas à expansão e reorganização do ensino superior e também na reestruturação dos programas dos ensinos primário e secundário. Esta medida afectou igualmente a reorganização dos estágios pedagógicos de professores dos ensinos preparatório e secundário, a reforma das escolas do Magistério e ainda a consagração da coeducação em todos os níveis de ensino. Em 1975-76 efectuaram-se reformas no Ensino Primário passando este a estar organizado em duas fases, em que cada uma tinha a