Dicionário de Política - Norberto Bobbio
Inicialmente Bobbio escreve sobre o verbete POLITIKÓS como “tudo o que se refere à cidade” e caracteriza a sua expansão graças a obra Política, de Aristóteles, que versou sobre as funções e divisão do Estado e várias formas de governo.
Na atualidade, o significado de Política passou por uma metamorfose, passando a ser usado “para indicar a atividade ou conjunto de atividade que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, isto é, o Estado. Entre as atividades da Pólis, estão: “ordenar ou proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros de um determinado grupo social; o exercício de um domínio exclusivo sobre determinado território; o legislar através de normas válidas erga omnes e tirar e transferir recursos de um setor da sociedade para outros.” O conceito de política é intrinsecamente relacionado ao de poder. Russel, por exemplo, define poder como “conjuntos dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados”. Podemos dizer que poder é uma relação entre dois sujeitos, um ativo, que impõe sobre o outro a própria vontade e, que por fim, acaba por determinar o comportamento do outrem. Dentro dessa definição abrangente de poder se encontra o poder política, que nitidamente pode ser confirmado como poder do homem exercido sobre outros. Na tradição clássica havia três formas de poder: poder paterno, poder despótico e o poder político. Para Aristóteles, a distinção se encontra no interesse daquele em benefício de quem o poder é exercido. O paterno, por exemplo, se exerce pelo interesse dos filhos; o despótico, pelo interesse do senhor; o político, do governante e do governado, mas somente nas formas puras de governo: no bom governo. Os três também possuem fundamentação distinta. O paterno tem seu fundamento na natureza; o despótico, no castigo por uma infração cometida; e o político, do consenso. Sob a ótica da dominação de um homem sobre outros,