determinismo
1.1. A ideia de causalidade
Acreditamos habitualmente que tudo o que acontece tem uma causa. E, provavelmente, fazemos bem.
Supõe que tentas ligar o televisor. Carregas no botão – e nada. O televisor não funciona. Não te limitas a pensar que o facto de o televisor não funcionar simplesmente acontece; ao contrário, pensas que há uma causa que provoca esse acontecimento. Possivelmente, irás verificar se o aparelho está ligado à corrente eléctrica. E, se tudo estiver em ordem e, ainda assim, o televisor não funcionar, continuas a pensar que o comportamento do aparelho há-de ter alguma causa; não pensas que apenas acontece. Poderás talvez chamar um técnico. Talvez ele resolva o problema ou talvez não; mas se ele te dissesse que nada causa o facto de o televisor não funcionar, decerto não acreditarias. O mais certo seria pensares que o técnico, tal como tu, não sabe o que causa isso. Dificilmente acreditarias de que não há uma causa para o comportamento do aparelho.
Mas o que significa dizer que tudo o que acontece tem uma causa?
Pensamos que certos acontecimentos são a causa de outros acontecimentos. Os corpos caem; os metais dilatam. A queda dos corpos é causada pela gravidade; a dilatação dos metais é causada pelo calor. Em qualquer dos casos, um estado do mundo é modificado por outro – que é a sua causa. Dizemos por isso que há uma relação causal entre a gravidade e a queda dos corpos, entre o aquecimento e a dilatação dos metais. A gravidade é a causa; a queda dos corpos é o efeito. Numa relação causal há sempre, por conseguinte, dois acontecimentos que estão relacionados entre si: um deles é a causa; o outro é o efeito.
Claro que um acontecimento pode ser simultaneamente efeito de uma certa causa e causa de um certo efeito. A queda de uma chávena de vidro é efeito da gravidade, mas pode ser simultaneamente a causa da sua destruição. A dilatação de uma moeda de cobre é efeito do aquecimento, mas pode ser