desobedecendo
Eduardo Antonio Bonzatto
O sistema não é mais esperto por que é mais inteligente que nós. O sistema é mais esperto somente por ser mais velho.
Desde que Henry Thoreau escreveu seu contundente libelo contra a sanha dos governos denominado Desobediência Civil (1848), uma verdadeira história da desobediência pode ser registrada.
Inaugurando a linhagem da desobediência encontra-se o surgimento da esquerda e a ânsia pela revolução. Gerações de europeus sacrificaram suas vidas na pira da revolução e se engajaram nas fileiras da esquerda, essa coisa calamitosa que se basta com seu nome e que é legião.
Muitas revoluções pipocaram na ordem dos dias desde então. Muitas desobediências lograram a tarefa de mudar a face do mundo.
Todavia, quando a revolução pareceu incapaz de satisfazer os sonhos dos homens de bem e que sua semelhança com a caixinha de Pandora obrigara a trancar lá dentro o que restava de nossos temores, nós, homens desobedientes, exigimos mais desobediência.
E a esquerda ficou muito parecida com a direita.
Nos Estados Unidos uma mulher negra desafiou a ordem e sentou num lugar de branco num ônibus. Seu nome também ficou gravado na história da desobediência:
Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás vinham os assentos nos quais os negros podiam sentar-se. No dia 1° de dezembro de 1955, Rosa Parks tomou um desses ônibus a caminho do trabalho para casa e sentou-se num dos lugares situados ao meio do ônibus. Quando o motorista – branco – exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.
O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. O Conselho Político Feminino organizou, a partir daí, um boicote de ônibus urbanos, como medida de protesto contra a discriminação racial no país. Martin