Deslocamento do centro dinamico
“O deslocamento do centro dinâmico” sob a égide da industrialização refaz toda a economia, agora propriamente nacional. Em primeiro lugar, do ponto de vista da força de trabalho: a superioridade do trabalhador italiano sobre os trabalhadores nacionais perdia relevo em face da maquinofatura, pois esta desqualifica o trabalhador, ao invés da indústria artesanal, que era o forte antes da industrialização propriamente dita – isto pode ser visto também pelo lado da política, pois o período anterior a 1930 é o da predominância no movimento operário nascente das orientações anarcossindicalistas.
Assim, a mão de obra nordestina e mineira coloca-se à disposição e é recrutada em grandes levas: São Paulo (e sua periferia) tornou-se a maior cidade nordestina e a influência de Minas em São Paulo é tão grande que se torna difícil reconhecer o que é mineiro e o que é paulista. Não só uma nova classe social está entrando em cena, mas uma classe social inteiramente desarraigada em seu novo ambiente.
Vargas derrota a poderosa oligarquia cafeicultora impondo-lhe um programa industrializante: derrota-os primeiro militarmente, sufocando a chamada Revolução Constitucionalista de 1932, e depois usurpa, qual novo Luis Bonaparte, a liderança econômica: não à toa, é aí que vão surgir os novos “capitães da indústria” de São Paulo, que não têm nada a ver com as antigas petulantes e pretensiosas oligarquias cafeicultoras, salvo no capítulo do sistema bancário. Não existe uma única grande empresa paulista que tenha sido, na origem, de propriedade dos antigos barões do café. Corrijo-me parcial e prontamente: somente o Estadão, justamente o inventor do Vargas anti-Paulista, sobrou, mas os Mesquitas, apesar da pretensão, não formavam parte das anciennes oligarquias do café e tampouco o grupo econômico do grande jornal que fez a cabeça da elite paulista pode ser considerado de importância decisiva na matriz industrial e de serviços do estado. Mesmo os Prados,