Desigualdade
Considerando-se tais observações, a reificação consistiria basicamente na trans-formação dos seres humanos em seres semelhantes a coisas, de modo que a relação en-tre os indivíduos passa a se pautar conforme as leis do mundo das coisas, culminando, em última instância, na alienação moderna. Dentro da sociedade capitalista, cuja princi-pal característica é a obtenção de lucro, os produtos são marcados pela efemeridade, pela rápida conversão do novo em velho. Assim, os consumidores, ofuscados pelas ide-ologias dominantes (aqui, convém lembrar a interpretação proposta por Adorno e Hor-kheimer [1985] acerca da clássica cena de Ulisses amarrado ao mastro de seu navio ou-vindo o canto das sereias), acabam comprando bens não pela necessidade de uso (valor-de-uso), mas justamente para atender às demandas desse mercado (valor-de-troca). Nes-se esquema, quando ocorre uma superposição do valor-de-troca sobre o valor-de-uso, tem-se a fetichização da mercadoria.
Dito em outros termos, o homem se tornou escravo do que ele próprio gerara.
Lukács reserva uma parte de seu livro para tratar do fenômeno da reificação na consciência do proletário. Em cer-ta altura de suas reflexões, ele afirma que “a estrutura da reificação, no curso do desen-volvimento capitalista, penetra na consciência dos homens de maneira cada vez mais profunda, fatal e definitiva”
Segundo Adorno, a reificação a que estão subjugados os seres humanos concorreria para a sua alienação, de modo que os seus semelhantes são convertidos em nada mais do que simples “apêndices da ma-quinaria”, já que têm de se submeter ao mecanismo social como portadores de papéis cuja finalidade primeira é a obtenção de lucro
Pelas observações expostas, nota-se que a sedução que um objeto provoca nos cidadãos os impede de tecer raciocínio pleno sobre suas condutas, de forma que se dei-xam guiar pelas