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Feito para o refeitório do mosteiro de Sante Maria delle Frazie, em Milão, esse afresco mural representa a última refeição de Jesus, com os doze discípulos, no momento em que ele anuncia que será traído por um deles. Da Vinci mostra, por meio do rosto e dos gestos, principalmente das mãos, a reação de cada discípulo. Observe a impressão de movimento na cena: é como se todos se interrogassem, tivessem suspeitos, quisessem afastar de si qualquer suspeita. Compare o contraste entre a inquietação dos apóstolos e a imobilidade de Jesus. Note, ainda, dois outros aspectos: primeiro, a impressão de profundidade criada pelos detalhes no forro da sala e pelas janelas abertas ao fundo; segundo, a claridade na parte direita da cena em oposição à parte esquerda. Sua intenção, com tais recursos, foi integrar perfeitamente o mural ao refeitório, como se a sala representada na pintura fosse uma continuação da sala real e a luz que ilumina a parte da direita da pintura viesse das janelas que havia à esquerda, no refeitório.
Da Vinci dominou com sabedoria e expressividade o jogo de luz e sombra, criando atmosferas que partem da realidade, mas estimulam a imaginação do observador. Exemplo disso é o quadro A Virgem dos rochedos, no qual um conjunto de rochas escuras faz fundo para o grupo formado por Maria, São João Batista, Jesus e um anjo.
As figuras dessa pintura estão dispostas de maneira a formar uma pirâmide, cujo vértice é Maria. A disposição geométrica das personagens, somada à luz que incide sobre o rosto de Maria em contraste com as rochas escuras, faz dela o centro da obra. Porém, Da Vinci utilizou recursos que fazem com que nossa atenção se volte para o Menino Jesus, o qual se torna a figura principal da composição: o envolvimento do corpo do menino na luz, a atitude de adoração de São João, a mão de Maria estendida sobre a cabeça do menino, a atitude protetora do anjo, que a apóia. A sensação de profundidade do quadro é proporcionada pela luz, que