Descontinuidade e Continuidade
É a partir do senso comum que todos os conhecimentos mais elevados se formam, mas não é consensual a forma como este processo ocorre.
Tese da Continuidade
Defende que a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico reside no grau de profundidade como analisam as coisas. A função da ciência está em depurar, corrigir e melhorar o senso comum.
Karl Popper (1902-1994). O Senso Comum é o ponto de partida para qualquer tipo de conhecimento, embora seja inseguro.
"Toda a ciência e toda a filosofia são senso comum esclarecido". Karl Popper, in Conhecimento Objectivo.
A evolução do conhecimento faz-se através de um processo de contínuas correcções e aperfeiçoamentos.
Tese da Ruptura
Defende a uma clara distinção entre os dois tipos de conhecimento, nomeadamente quanto à sua natureza.
Platão (séc. IV a.C.) mostrou que o senso comum, apoiado na experiência sensível, não permite chegar ao verdadeiro conhecimento, ao qual só podemos aceder através da Razão.
Descartes (Séc. XVII) colocou em causa os dados dos sentidos, afirmando que só podemos confiar na Razão para atingirmos o verdadeiro conhecimento.
Gaston Bachelard (1884-1962). Embora considere que na base de todos os níveis de conhecimento esteja o senso comum, encara-o como um "obstáculo epistemológico". A Ciência desenvolve-se através de um processo de contínuas rupturas com o senso comum.
A própria linguagem da ciência está em estado de revolução semântica permanente. (...) Uma constante transposição da linguagem rompe então a continuidade do pensamento comum e do pensamento científico". Bachelard, Materialismo Racional.
Conhecimento progressivo.
O conhecimento científico resulta de uma constante rectificação de um conhecimento primário, que pode não passar de um erro primário. Cada rectificação implica deformar os conceitos anteriores, para abranger novas experiências. O progresso científico faz-se desta forma por uma permanente substituição