Continuidade/descontinuidade
Ao abordar a questão da continuidade no desenvolvimento humano, Cole e Cole (2003/2004) fazem a seguinte pergunta: "O desenvolvimento individual é contínuo, consistindo na acumulação gradual de pequenas mudanças quantitativas, ou é descontínuo, envolvendo uma série de transformações qualitativas à medida que vamos ficando mais velhos?" (p. 30). A resposta para esta pergunta exige focar a relação entre continuidade e descontinuidade. Sustentamos que o desenvolvimento humano constitui-se no efeito da dinâmica entre estes dois processos: existe uma continuidade nos processos pelos quais as pessoas aprendem novos comportamentos (Bandura, 1986). Todavia, algumas mudanças abruptas também ocorrem, como, a própria puberdade (mudança fisiológica) e a inserção escolar na infância (mudança ambiental).
As continuidades e as descontinuidades evidenciam que os processos do desenvolvimento implicam efeitos duradouros e repentinos, que podem gerar saltos qualitativos (Keller, 1991). Tais saltos se referem à descontinuidade quando produzem uma mudança súbita no desenvolvimento, gerando um novo padrão que é reconhecido como qualitativamente superior ao anterior. Todavia, descontinuidade não decorre apenas de saltos qualitativos, derivando de outras formas de mudança, que envolvem desde as mudanças de nível e complexidade de estruturas, até as mudanças na qualidade das diferentes relações que compõem o desenvolvimento. Em outras palavras, quando há um súbito aumento significativo de alguma competência (mudança de nível), ou alterações nos padrões (mudança de estrutura), ou, ainda, mudanças na importância das relações entre os fatores intra e extra-orgânicos (mudança de centralidade), podemos afirmar que houve uma descontinuidade no processo de desenvolvimento (Keller, 1991). A noção de descontinuidade é associada à de plasticidade, que enfatiza a capacidade do indivíduo em gerar mudanças no curso de seu