desafios do sindicalismo
Altamiro Borges *
Adital -
O sindicalismo brasileiro está diante de gigantescos desafios. Se ficar apenas correndo atrás dos prejuízos, sem uma visão mais estratégica, ele corre o sério risco de definhar, agravando sua crise de legitimidade e representatividade que já dura mais de uma década e que se expressa na baixa capacidade de mobilização dos trabalhadores e de intervenção política na sociedade. Não há receitas nem modelos de como enfrentar as atuais dificuldades, que hoje afetam o conjunto do sindicalismo mundial. Mas uma coisa parece certa: se ficar preso à ação imediata, que reforça seus limites endógenos do economicismo e corporativismo, ele não superará sua crise estrutural. Diante deste cenário, penso que três desafios se destacam na atualidade:
1- Intervenção política
O sindicalismo não é uma ilha. Ele reflete e interfere nos rumos políticos do país. Ele sente diretamente os efeitos da evolução da conjuntura. Durante a ditadura militar, por exemplo, ele foi violentamente castrado - nos nove meses que se seguiram ao golpe de 64 mais de 430 sindicatos tiveram suas diretorias cassadas. Já nos anos
80, ele viveu uma fase de ouro. O Brasil se tornou o recordista mundial em greves, houve um intenso processo de renovação e reciclagem das diretorias sindicais, foram retomadas as articulações intersindicais e o funcionalismo público despertou para a organização sindical. Esse ascenso contribuiu decisivamente na luta pelo fim do regime militar e nas conquistas da "Constituição Cidadã", em 1988.
Na década de 90, porém, o neoliberalismo se implantou no país com a sua tríade perversa: desestatização, desnacionalização e desproteção. O sindicalismo comeu o pão que o diabo amassou! Da fase de ouro, ele ingressou no período das vacas magras. O triste reinado de FHC teve início com o Exército ocupando as refinarias para reprimir a greve dos petroleiros e prosseguiu com o desmonte do trabalho sem
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