Sindicalismo hoje
Aula 4 – Construção de Hegemonia e o Caso Brasileiro
Sindicalismo e Democracia no Brasil: atualizações do novo Sindicalismo ao Sindicato Cidadão
INTRODUÇÃO[1]
Em um trabalho que se tornou uma importante referência dos estudos recentes sobre as “classes populares” no país, Sader e Paoli (1986: 40) registraram uma “ruptura no sistema explicativo no qual se alojam as representações sobre a singularidade da dinâmica de classes no Brasil”, ou seja, sobre como tais estudos “fazem aparecer os trabalhadores na sociedade e na história”. A novidade que apontavam os autores, situada e contextualizada sobretudo na passagem dos anos 70 aos 80, era a de que as interpretações recentes das ciências sociais sobre os trabalhadores questionavam “o âmago da determinação e da figuração tradicionais sobre o lugar, os limites e as possibilidades dos trabalhadores e de suas ações na história” (1986: 41).
Se, historicamente e até fins da década de 60, predominava no pensamento sociológico brasileiro, sob vários matizes, a idéia de que o Estado, na formação social do país, teria se autonomizado em relação às classes sociais e seus interesses, de tal maneira que essas tenderiam a ser concebidas muito mais como criaturas daquele, como seu campo de constituição. Agora, igualmente não sem que se fizesse sob uma diversidade de perspectivas, passava-se ao entendimento de que “a dinâmica social pode ser explicada sem que se tome o Estado – ou melhor dito, sua forma histórica de intervenção – como ponto de partida da análise” (1986: 52). Diante de “experiências de derrotas de projetos de democratização através do Estado (por ocupação interna ou assalto revolucionário)”, particularmente com o Golpe de Estado de 1964 e seu recrudescimento em 1968, mas também com a irrupção das greves operárias e dos “novos movimentos sociais”, a partir de fins da década de 70, a sociedade, na sua diversidade e pluralidade de conflitos e