Dependência quimica
Uma análise da dependência de drogas numa perspectiva fenomenológica existencial FABIANO MATOS SIPAHI (*)
FERNANDA DE CAMARGO VIANNA (**)
Problema mundial, a dependência de drogas vem interessando os mais variados setores sociais, que apresentam diversas formas de entendimento desta questão.
Ainda hoje, não há um consenso sobre os motivos da dependência de drogas. Até o momento não está estabelecido univocamente porque algumas pessoas experimentam drogas e outras não, porque umas e não outras continuam a usar e porque umas, mas não todas, tornam-se dependentes.
Acreditamos ser possível uma importante compreensão da dependência através da fenomenologia existencial, que além de caracterizar um olhar bastante próprio em relação aos fenômenos de nosso cotidiano, nos fornece orientação para a prática terapêutica.
(*) Equipe de Saúde Mental do Projeto Qualis I (em parceria com o Hospital Santa Marcelina) – Programa de Saúde da Família – Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo.
(**) PROAD – Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes – Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.
Desse modo, este artigo se dispõe a realizar uma leitura da droga-dependência à luz da fenomenologia existencial, bem como levantar algumas questões sobre particularidades do processo terapêutico de uma pessoa dependente de drogas.
Utilizaremos fragmentos de um caso clínico a fim de ilustrarmos as idéias propostas e traremos algumas considerações acerca do existir humano, que acreditamos serem fundamentais na compreensão do fenômeno.
D., um rapaz de 19 anos, atualmente usando apenas drogas consideradas leves (maconha e tabaco), conta em uma sessão sobre seu uso de cocaína: «pensava em cheirar o tempo todo, se não tava louco ficava no maior bode1», «só conseguia trabalhar muito doido, saía toda hora pra dar um tiro2 ou ia no banheiro mesmo... eu tava me