Delírio
História fictícia de uma paciente internada em um complexo médico penal.
Por Camila Passos De Souza. Aluna da pós-graduação em Psiquiatria.
Curitiba.
Junho 2011
Meu nome é Maria da Luz, tenho 21 anos, esse meu nome não veio por acaso, sou uma pessoa especial e iluminada, tenho a luz necessária para transformar tudo em minha volta. Desde pequena tenho super poderes, quando eu era criança não entendia como os adultos não conseguiam fazer as coisas que eu faço com naturalidade. No começo nem eu entendia, mas depois descobri que a vozes existiam para me ajudar a cumprir a minha grande e iluminada missão aqui na terra, destruir tudo o que é mal, tudo que é do inimigo e salvar o que é bom, porque quando o mundo acabar só quem tiver esse dom eterno sobreviverá. E quem não for iluminado irá para as trevas com o inimigo. Eu comecei cedo a minha missão, ainda sem entender bem os meus poderes, aos nove anos, eu comecei a ouvir a voz divina me ordenando a fazer coisas que eu precisava fazer tornar realidade. Nessa época eu cuidava da minha irmã de um ano de idade, aquela boba, em um dia estávamos as duas em casa, ouvi muitas vozes e muitas vozes e muitas vozes e muitas mesmo! Todas me mandavam matar aquela praga idiota da minha irmã, foi assim que cumpri a ordem divina e com um travesseiro a sufoquei no berço enquanto ela dormia. Ela mexeu os bracinhos e as perninhas tentou chorar engasgou-se, vomitou um pouco de leite, lutou com a pouca força dela, mas assim ela morreu; e por sorte os médicos disseram que ela não conseguiu respirar e que havia se engasgado com algo, provavelmente o próprio “vomito”, então teve algo que eles chamaram de morte súbita. Foi muito importante a morte dela, pois todos os brinquedos voltaram a ser meus. E não tinha mais ninguém querendo destruir minhas coisas.
Os meus pais ainda são vivos e são do bem, as vozes me dizem isso. Eles nunca souberam que eu matei a filha deles, eles não iam entender, não têm o meu