Delirios Virtuais

DELÍRIOS VIRTUAIS

De supervia de informações a penico digital: o surto da Internet invade Pindorama por Thomaz Wood Jr. [e-mail] A cada 24 horas, 3.180.000 páginas e 716.000 imagens são adicionadas. Hoje, já são cerca de
1.600.000.000 páginas e 360.000.000 imagens. Dia após dia, testemunhamos o inchaço desse mastodôntico e caótico projeto coletivo chamado Internet. Consta que as primeiras versões da Rede surgiram por inspiração militar, contemporâneas do delirante plano “Guerra nas Estrelas”, da Era
Reagan. Serviriam como meio de comunicação na eventualidade de uma guerra nuclear entre os
“campeões da democracia” (os Estados Unidos) e o “império do mal” (a União Soviética). No início da década de 90, a Rede já era usada pela comunidade científica brasileira para trocar resultados de pesquisas e informar aos colegas no exterior os últimos capítulos das novelas locais.
Chegamos agora às porteiras de novo século e afirma-se sem constrangimento que a Internet vai mudar o mundo. Quem em pleno domínio das faculdades mentais há de duvidar? Navegar a Rede virou passatempo (ou vício) de milhões. O crescimento do comércio eletrônico impressiona, embora as vendas estejam ainda restritas a poucos produtos e a participação das vendas por Internet nas vendas totais do varejo são marginais. Mais importante são as transações business to business, parte de um movimento maior de transformação nas empresas e nas cadeias de valores (ver entrevista na página
XX). Ocorre que a febre da Rede vem numa enxurrada de clichês, meias verdades e ondas delirantes de wishfull thinking. Nem tudo são rosas e, ainda que nos acusem de luditas, fazer o contraponto é saudável e oportuno.
“Shopping-cilada”. Em seu nascedouro, muitos apóstolos acreditavam que a Rede se tornaria um canal sem fronteiras. Benefícios imediatos: a livre circulação do conhecimento e a realização prática do sonho da liberdade de expressão. Os mais exaltados – pela crença ou pelo bolso –