DE HESÍODO A ÉSQUILO: REPRESENTAÇÕES DE PROMETEU
VIEIRA, Ana Cláudia – Universidade
Estadual do Oeste do Paraná1
ZANCHET, Maria Beatriz2
RESUMO: O estudo discute como o tragediógrafo Ésquilo (525-456 a.C) - em Prometeu acorrentado - reelabora um episódio que se faz presente em dois textos de Hesíodo, de meados do século VIII: Teogonia e Os trabalhos e os dias. Ponderando a inserção temporal correspondente a cada autor, o trabalho analisa as características típicas do mito prometeico, tendo em vista os conflitos presentes no universo dos deuses olímpicos, a relação entre os deuses e os homens, a presença do destino e, principalmente, as modificações advindas da releitura do mito introduzidas na tragédia de Ésquilo.
PALAVRAS-CHAVE: Prometeu; representações; destino.
INTRODUÇÃO
Discutir as representações de Prometeu implica adentrar no terreno do mito. Ao se falar em mito ou mitologia, de maneira geral, há uma lembrança apelativa que remete à civilização helênica e, igualmente, à Ilíada e à Odisseia, poemas atribuídos a Homero, que justificam, indiscutivelmente, como se dá a penetração do mito nas formas literárias, ou seja, através do seu caráter eminentemente narrativo.
De acordo com Guida Nedda B. P. Horta (1990, p. 20), na tradição do helenismo, “os escritores (e também os artistas plásticos) recolheram as tradições mitológicas, com frequência, dos santuários dedicados aos grandes deuses”.
Para os gregos antigos, pelo menos, o mito sempre foi, em seu significado mais profundo uma crença transportada à ficção. Por isso mesmo ele participa, geralmente, da natureza religiosa (que também é encontrada na mitologia de outros povos), mas inclui também aspectos históricos (estes últimos predominantes na mitologia latina). (HORTA, 1990, p. 20, grifo do autor).
O presente trabalho, ao discutir o mito de Prometeu, penetra amplamente no terreno da literatura, pois foi através dos textos épicos de Hesíodo e das tragédias – Ésquilo e, depois,