Das duas vertentes da quest o social
A sociabilidade primária Para evitar o embaraço de uma mera questão de vocabulário, estabelecer-se-á chamar de “societal” a qualificação geral da relações humanas enquanto se refere a todas as formas de existência coletiva. O “social”, ao contrário, é uma configuração específica de práticas que não se encontram em um todas as coletividades humanas. Primeiro se falará das condições em que ele emerge. Uma sociedade sem social seria inteiramente regida pelas regulações da sociabilidade primária. Entendo por isso os sistemas de regras que ligam diretamente os membros de um grupo a partir de seu pertencimento familiar, da vizinhança, do trabalho e que tecem redes de interdependência sem a mediação de instituições específicas. Nessas formações, não há “social” em maior grau do que “econômico”, “político” ou “científico”, no sentido em que estes termos qualificariam domínios identificáveis de práticas. As comunidades muito estruturadas podem remediar de um modo incompleto os fracassados da sociabilidade primária, mobilizando as potencialidades desta mesma sociabilidade. Agregam de novo os indivíduos desestabilizados, solicitando os recursos econômicos e relacionais do meio família e/ou social. Desse modo, foi possível falar, metaforicamente pelo menos, de “família-providência”. Essa assistência também pode ter um preço muito alto: superexploração, pequenas perseguições