darwin
Gildo Magalhães prof. História da Ciência – FFLCH/USP
Resumo: a influência de Charles Darwin ultrapassa as fronteiras da biologia, ou até mesmo das ciências como um todo. De fato, sua teoria da evolução por meio da seleção natural ganhou os campos da sociologia, antropologia, economia e muitas outras áreas de conhecimento. Os meios de comunicação servem-se fartamente de jargões e raciocínios tirados do darwinismo e até mesmo programas de computador vêm sendo criados usando técnicas derivadas do que se entende por evolucionismo darwiniano.
Nesse amplo contexto, o darwinismo a partir da sua versão dita sintética, em que foi complementado por contribuições de biólogos do século XX, se tornou tão paradigmático que suas bases são aceitas como verdades óbvias e indiscutíveis, sob pena de a sua contestação levar ao ridículo. No entanto, essa teoria só é plenamente compreensível à luz das idéias contemporâneas na Grã-Bretanha de Darwin, especialmente o liberalismo econômico. Um exame crítico das suas fundações históricas e ideológicas mostra uma face que está longe de ser aceitável. Por outro lado, a confrontação com o criacionismo religioso se revela um falso dilema, pois os problemas mais sérios do darwinismo estão do lado científico. Surge então a pergunta: estaríamos diante de uma teoria adequada aos fatos, porém baseada em noções contestáveis, ou será o darwinismo uma teoria destinada a ser ultrapassada como explicação evolucionista?
Neste caso, a busca de outros paradigmas, além de reabrir questões que a maioria dos biólogos tem evitado há mais de um século, representará um choque também para todos os que se apoiaram no darwinismo para justificar seus modelos e conclusões.
Abstract: Charles Darwin’s influence goes far beyond the frontiers of biology, or even the sciences. As a matter of fact, his evolution theory by means of natural selection has stretched throughout sociology, anthropology, economy and many other