Danças Circulares
A tradição de dançar em roda – como fazem as crianças, ou como fizeram povos ancestrais dos mais diversos lugares do mundo – vem sendo praticada por um número crescente de paulistanos como uma nova forma de fazer atividades físicas, se divertir e, sobretudo, de desenvolver laços de fraternidade. Este ano, as chamadas danças circulares chegaram a pelo menos dez parques da cidade de São Paulo, onde qualquer pessoa pode simplesmente aparecer, se juntar à roda e começar a dançar.
“A dança circular é um instrumento muito abrangente. Pode ter pessoas de todas as idades, com qualquer condicionamento físico e ser dançada em qualquer lugar. O único pré-requisito é ter vontade de participar”, afirma Arlenice Juliani, facilitadora do grupo Semeia Dança. Segundo ela, o movimento da dança circular tem ganhado adeptos por ser inclusiva e fortalecer as redes sociais de verdade em um mundo cada vez mais individualista e virtual. “Em roda, dá para sentir os valores humanos e a amorosidade”, diz.
Outra característica da dança circular que parece andar na contramão das demais práticas contemporâneas é a aceitação do erro. Quem erra algum passo nas coreografias não é eliminado, punido, excluído. “Claro que todos estão tentando acertar, mas não se trata de uma competição. Na roda, a gente aprende a lidar com as diferenças, a aceitar o outro como ele é, sem nunca excluir”, diz a focalizadora Soraya Mariani, da Cirandda da Lua. “Focalizador” é o nome oficial que recebe a pessoa que comanda a roda, escolhe as músicas e propõe as coreografias.
Apesar de ninguém ficar analisando o desempenho do outro na roda, a focalizadora da Cirandda da Lua diz ainda que a prática pode sim ser usada como uma forma de autoconhecimento. “Quem sempre erra os passos para trás pode parar e pensar: será que estou conseguindo lidar bem com o meu passado? Quem complica os passos mais fáceis deve refletir se não está complicando demais as coisas simples de