Da monarquia de dante
Durante a Baixa Idade Média, o Sacro Império Romano Germânico passava por uma crise interna desde a morte de Frederico II em 1250, acarretando uma ausência de autoridades, não só imperiais, como eclesiásticas. Em conjunto a isso, os constantes conflitos entre a esfera temporal e espiritual de poder, principalmente entre seus respectivos representantes,forneceram a base empírica para o nascimento de pensadores originais em suas propostas para a resolução desse complexo contexto. O político e o religioso para esse homem medieval eram indissociáveis, ele tinha consciência de pertencer a uma sociedade única, a Respublica Christiana , fundamentada pela fé cristã, a qual não dependia do homem, mas provinha de Deus e nele encontrava seus princípios a serem obedecidos. Assim, a teoria de Gelásio I de admissão de dois guias para a Cristandade não era facilmente aceita ou, pelo menos, trazia graves conseqüências para a vida social, organizada em vista do bem comum . A tese gelasiana separava a auctoritas sacerdotal e a potestas régia, atribuindo superioridade a primeira em razão da dignidade, conduzindo para uma noção de comunidade quasi monstrum com duas cabeças. De forma que o espiritual seria superior ao matéria l, motivado pelo neoplatonismo de redução da multiplicidade o Sumo Pontífice seria o chefe único da Ecclesia-Christianitas e o Imperador seria o braço armado e protetor da Igreja.
Visto que o fim da cidade é viver bem e com suficiência, Dante defende que “num reino, cujo fim é assegurar com maior segurança e tranquilidade os benefícios da cidade, um só rei deve reinar e governar, pois que, a não ser assim, nem os membros do reino atingem o fim que lhes é próprio, nem o reino pode escapar à desagregação”. 10 E se toda a humanidade se ordena a um fim único, é preciso que um só coordene. Tal chefe deverá chamar-se o monarca ou imperador. Assim, torna-se evidente que o bem-estar do mundo exige a monarquia ou império.
A construção desse