Da gnose à epistéme
Iniciamos a nossa abordagem observando que o estatuto e a validade do conhecimento científico evoluiram desde a fase em que a Ciência era subordinada à Filosofia, esta entendida como a Ciência das Ciências, até à separação da Ciência da Filosofia a partir da idade moderna aos nossos dias, onde o positivismo, o racionalismo cartesiano e o empirismo lockeano passaram a valorizar a observação direta, a experimentação e a técnica, para a produção do conhecimento através de processos dedutivos empíricos. Contudo, segundo consenso entre os mais conceituados epistemologistas, nas últimas sete décadas, os fundamentos do conhecimento científico foram abalados pelos mitos produzidos: mito da cientificidade, mito da tecnocracia, racionalidade científica, econômica e o mito da ordem e progresso, a paz perpétua, segundo os quais só a Ciência e a tecnociência, como produtos do absolutismo científico poderiam conduzir a humanidade a um estado superior de perfeição. Resumo da ópera: das promessas não cumpridas surge a constante quebra de paradigmas através de novos fundamentos onde as certezas absolutas cedem lugar à incertezas, às probabilidades e, portanto, ao mundo da complexidade e do pluralismo metodológico.
São múltiplos os domínios teóricos sobre a Filosofia do Conhecimento e não é objetivo desta tese exauri-los, mas sincronizar os seus principais conceitos convergentes, numa longa caminhada sócio-histórica-ontológica, até os primeiros escritos econômicos sobre o Capital Intelectual, cujos desdobramentos (Capital Humano, Social, Cultural, Organizativo, etc..,) apresentam desenvolvimentos teóricos também com interfaces em diversos campos disciplinares da Teoria do Conhecimento e do Pensamento Econômico e Filosófico
A palavra Gnose, feminino grego, vem do verbo gignósko, que significa conhecer. Trata-se de conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático e Universal. No grego clássico seu significado (koiné) é semelhante ao da