Economia
Vera Alves Cepêda - Março 2003 Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.
Por ocasião do V Encontro Internacional sobre Globalização e Problemas do Desenvolvimento, recentemente realizado em Havana, a Associação Latino-Americana de Economistas lançou a candidatura de Celso Furtado ao Prêmio Nobel de Economia. Tratase de uma personalidade de dimensão não apenas brasileira ou latino-americana, em sentido estrito, mas efetivamente universal: daí, a sua capacidade de colher apoios por toda a parte, em todo o mundo acadêmico, e não só acadêmico. E, também, o grande valor simbólico da possível concessão de um prêmio como o Nobel ao economista brasileiro. Gramsci e o Brasil, junto com a página espanhola La Insignia, organizou este dossiê sobre a obra de Celso Furtado, como modesta contribuição para a sua candidatura ao Nobel e como reconhecimento ao inestimável valor científico, político e moral da trajetória deste grande brasileiro. Celso Furtado é um autor controverso no debate intelectual brasileiro, oscilando de uma posição intelectual quase hegemônica a uma recusa formal de suas teses. Seus primeiros textos, principalmente depois da publicação de Formação Econômica do Brasil, tiveram grande impacto no debate econômico do período e influenciaram a produção acadêmica da geração de intelectuais que se formaram entre os anos 60 e 70. Nos anos 80 e 90, Furtado passou à categoria de clássico, como um autor necessário para compreender a realidade das décadas que trataram o desenvolvimentismo e a transição da economia mercantil para a economia industrial. Porém, para boa parte dos economistas que ocupavam as cátedras e as alavancas das políticas públicas, as referências conceituais de Furtado pouco explicavam os desafios da economia naquele momento. Este ostracismo fica ainda mais acentuado quando explode a globalização, entendida como um processo irreversível de transformação de todas as regras da divisão