Da Condição Comum ao Engajamento Militante
Isabel Rocha Souza1
Por natureza o homem é um ser social e histórico, produto de seu tempo e espaço sócio-cultural. Assim, por mais extraordinário que seja o homem não pode ir além ou aquém do tempo e espaço em que vive. A partir dessa proposição, este texto faz uma discussão teórica sobre o engajamento individual e militância política. O tema engajamento e militantismo do indivíduo em movimentos sociais e/ou partidos políticos, têm interessado cientistas sociais no mundo inteiro, que buscam compreender os mecanismos que produzem a passagem da condição comum ao engajamento militante. O objetivo destes estudos é conforme Fillieule,
“entender como, em cada etapa da biografia individual, atitudes e comportamentos são determinados pelas atitudes e comportamentos do passado e, por sua vez determinam o leque de possibilidade de vir, assim, situar períodos de compromisso ao longo do ciclo de vida” (20001: 201).
Não só os cientistas europeus e americanos têm se interessado por essa temática, mas também os pesquisadores brasileiros, que como demonstra Pécaut (1990) os estudos sobre o processo de associação militante tomaram conta da cultura acadêmica brasileira, tornando-se um dos principais temas das discussões dos cientistas sociais que vêm dando um novo olhar para a temática. Por um lado, este novo olhar vem desnaturalizando o processo de engajamento e militância política, por outro, problematizam as interpretações feitas pelos próprios militantes e organizações sobre tal processo.
Mas como se dá tal associação? Quais as condições que favorecem tal associação? A partir da sociologia do militantismo, torna-se possível identificar as condições que favorecem o engajamento individual, tendo como foco identificar as condições e recursos que possibilitam o associativismo em defesa de causas sociais. Pudal (in FILLIEULE, 2010) refere-se ao militantismo como
“predisposição à militância, da passagem ao ato, das formas