Humilhaçao Social
EXPERIÊNCIA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM
TERRA (MST)
Eliane
Domingues
A HUMILHAÇÃO SOCIAL E A LUTA POR RECONHECIMENTO: A
EXPERIÊNCIA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM
TERRA (MST)
Eliane Domingues1
RESUMO EXPANDIDO
Palavras-chave: humilhação social; luta por reconhecimento; MST; sofrimento; trauma.
O presente trabalho faz parte da tese de doutorado da autora intitulada Entre a utopia e o mal-estar:reflexões psicanalíticas sobre os militantes do MST e seus dilemas, orientanda pela profa. Miriam Debieux Rosa, no Programa em estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP. Embora a humilhação social não seja propriamente um dilema enfrentado pelos militantes do MST, pois eles já fizeram uma “escolha” pela luta por reconhecimento ao aderir ao movimento, eles não deixem de ser marcados e sofrerem com a ela. A humilhação social continua gerando sofrimento que precisa ser cotidianamente transformado em luta. É sobre esta questão que este trabalho se ocupa.
Primeiramente, encontramos duas origens para o termo humilhação: uma latina e outra grega. Cancelli (2005) apresenta a origem latina, explorando o sentido da palavra humilde que possui o mesmo radical que humilhação. Ser humilde implica o reconhecimento das próprias limitações e fraquezas; já ser humilhado significa rebaixarse, sujeitar-se, deixar-se submeter a alguém. O radical é comum, mas enquanto a humildade representa uma virtude, a humilhação tem uma conotação pejorativa, e tanto uma como a outra se definem em relação ao outro. O aspecto relacional da humilhação também compõe o sentido grego do termo, apresentado por Azevedo (2005):
Pela via do grego, a ação de humilhar, a humilh-ação se bifurca entre práxis
(prática) e páthos (sofrer). Essa bifurcação é iluminadora. Se por um lado, a humilhação é uma conjugação entre práxis e páthos, por outro vemos que o foco semântico recai sobre a instância do que sofre,