Câncer e Carboidratos
A INTERFERÊNCIA DO CÂNCER NO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS
CURITIBA
2014
A INTERFERÊNCIA DO CÂNCER NO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS
As alterações no metabolismo dos carboidratos no câncer incluem o aumento do turnover de glicose e a resistência à insulina, que levam à hiperglicemia ao contrário da glicemia normal ou hipoglicemia verificada em pacientes sem estresse, submetidos a jejum prolongado. A intolerância a glicose é uma das primeiras alterações metabólicas nessa patologia. No entanto, a resistência à insulina não ocorre devido à desnutrição, mas parece estar relacionada à presença do tumor. A maioria dos tumores sólidos produz grandes quantidades de lactato, que é convertido em glicose pelo fígado, num processo conhecido como ciclo de Cori. A gliconeogênese, à custa de lactato, utiliza moléculas de adenosina trifosfato (ATP) que é muito dispendiosa para o hospedeiro. Este ciclo fútil pode ser responsável, pelo menos em parte, pelo aumento do gasto energético.
Aumento de 40% na produção de glicose hepática foi observado em pacientes com câncer que perderam peso. A atividade do ciclo de Cori representa 20% do turnover de glicose. Porém, em pacientes caquéticos com câncer, tem sido demonstrado que esse turnover aumenta para 50%. O turnover de glicose aumenta à medida que aumenta a extensão do tumor e ocorre menor utilização de glicose após ressecção curativa do tumor.
A célula tumoral tem como principal substrato enérgico a glicose, consumindo de 10 a 50 vezes mais em relação às células normais. Dependendo do tamanho do tumor e do estágio da doença a produção da glicose é maior. O consumo excessivo de glicose pelo tumor aumenta a produção de glicose hepática a partir do lactato (Ciclo de Cori) e de aminoácidos musculares do hospedeiro (gliconeogênese). A conversão de lactato para a glicose envolve consumo de ATP e aparenta ser um processo bioquímico de gasto