Currículo
O conceito de ideologia surge pela primeira vez no conturbado período da Revolução Francesa no seio do debate filosófico de Destutt de Tracy (1754-1836). De carácter volúvel, a acepção de ideologia enriqueceu-se de postulados filosóficos, políticos e sociológicos aportados por autores como Marx, Hegel e Mannheim entre outros. Hoje, o conceito de ideologia retrata um conjunto de ideias e de representações, que os grupos dominantes impõem como uma verdade acabada e universal de forma a garantir a coesão social. Desta forma, a ideologia dominante reflete-se e assegura a sua perenidade através das instituições tais como a escola. Esta reprodução social é garantida através da criteriosa seleção de conteúdos e disciplinas nos projetos de formação cujo objetivo é implantar um conhecimento que visa produzir identidades sociais e individuais mas também discernir a quem esse conhecimento está dirigido e contra quem está agindo.
2. O que significa dizer “o currículo é uma construção social e cultural”?
O currículo é, por natureza, um processo dinâmico e contínuo que engloba diferentes fases (partindo da sua justificação e culminando na sua avaliação) pelo que é definido como uma construção e não como conceito. De facto, o currículo não é algo abstrato, pelo contrário, está em constante diálogo com o mundo que o rodeia assumindo-se como construção social e cultural. Social porque abrange todas as intenções de uma sociedade e cultural porque condensa toda a historicidade das experiencias humanas organizando-o como um conjunto de práticas educacionais.