curriculo eescola novos rumos
Antônio Flavio Barbosa Moreira**
Introdução
Em recente entrevista ao Jornal do Brasil (11/5/93), o ministro da Educação, prof.
Murílio Hingel, declarou serem objetivos do MEC a universalização da oferta e a melhoria da qualidade do ensino fundamental até o ano 2003. Fica evidente, na fala do
Ministro, a constatação de que não basta aumentar o acesso à escola sem se combaterem os fatores que vêm contribuindo para tomá-la tão excludente.
Enfatiza-se, assim, mais uma vez, a questão da qualidade da escola, exaustivamente pesquisada e discutida em seminários e encontros. A realidade da sala de aula, todavia, não tem sido afetada, como seria desejável, pelos resultados das investigações e dos debates (Soares, 1992). É preciso, então, que o tema continue objeto da atenção dos educadores, para que se encontrem novas perspectivas de análise, novos encaminhamentos e novas alternativas.
É nossa intenção examiná-lo neste trabalho. Para fazê-lo, apoiamo-nos inicialmente em Snyders (1993), que concebe a escola como conteúdos e relações específicas.
Aos dois elementos, acrescentamos os métodos, propondo uma abordagem relacionai que descarte valorizações ou submissões indevidas de qualquer um deles. Pensar uma escola de qualidade implica, em última análise, refletir sobre currículo e ensino, tendo-se em mente, entretanto, que a reflexão não pode ser desenvolvida sem uma significativa referência à sociedade.
* Conferência apresentada no 1º Congresso de Ciências Humanas, Letras e Artes de Minas
Gerais.
" Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Em Aberto. Brasília, ano 12. n.58, abr./jun. 1993
Estudos sociológicos recentes de questões curriculares têm enfocado tanto o currículo formal como o chamado curriculo oculto das escolas e argumentado que ambos contribuem para "preparar" pessoas e profissionais.