Cupula
ARGAN, G.C. História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
Segundo Argan “Vessari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del Fiore não devia ser relacionada apenas no espaço da catedral e respectivos volumes, mas ao espaço de toda a cidade, ou seja, a um horizonte circular, precisamente ao perfil das colina em torno de Florença: ‘vendo-se ele elevar-se em tamanha altura, que os montes ao redor de Florença parecem semelhantes a ela’” (p.96)
No período que era comum a comparação de arte e natureza, Versari definiu: “na verdade, parece que o céu dela tenha inveja, pois sem cessar os raios todos os dias a procuram”. Para Argan, Versari “trai a tradição popular, que, de um lado, elogia a resistência material da cúpula e, de outro, faz referencia a seu sentido ou significado cósmico. Esta não é a única referência, de rosto nem um pouco surpreendente, a um simbolismo cósmico e religioso da cúpula.”
Já Alberti, que refletiu a fundo o tema da representação, define que os edifícios são apenas objetos em meio de outros objetos, não muito diferente de estatuas, sendo considerado monumento também. A cúpula por sua ver assume-se como representação do espaço “porque visualiza o espaço, que por certo é real ainda que não seja visível; mas ela é justamente a representação do espaço na sua totalidade e não de algo que acontece numa porção de espaço”. (p.95)
Para Alberti a cúpula não assume valor quanto objeto arquitetônico, “mas um imenso objeto espacial, vale dizer, um espaço objetivado, isto é, representado, pois cada representação, é uma objetivação e cada objetivação é perspectiva porque dá uma imagem unitária e não fragmentária, o que implica uma distância ou uma distinção, bem como uma simetria, entre objeto e sujeito, de forma que a representação não é a copia do objeto, mas a configuração da coisa real enquanto pensada por um sujeito”(p.96)
A concepção de Brunelleschi de uma cúpula sem o