Cultura politica
Conceito e finalidade
Ulisses Garrido, Lisboa, 22 de Julho, 2008
[CULTURA POLÍTICA] Ulisses Garrido
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CULTURA POLÍTICA
CONCEITO E FINALIDAD E
INTRODUÇÃO
No debate contemporâneo, cada vez mais frequentemente se ouve atribuir o progresso de uns povos e de alguns países à sua cultura e mais especificamente, à sua cultura política. Pelo contrário, as dificuldades de outros, os seus insucessos, dificuldades ou atraso1, dever-se-ão à ausência dessa mesma cultura política. Mas será assim? Esta é matéria há muito objecto de investigação e sobre que há conhecimento produzido. Com precisão, qual é o conceito de cultura política? E para que serve a cultura política? Será que, tendo-a, se tem progresso e democracia “a valer”? Esta é a motivação do nosso pequeno ensaio: procurar colher o conhecimento produzido, primeiro buscar a matriz do conceito2, para depois perceber a sua evolução e controvérsias, com recurso aos contributos teóricos relevantes e mobilizáveis nas condições em que trabalhámos e, finalmente, procurar discernir sobre a utilidade (ou futilidade) da cultura política nas sociedades modernas.
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Portugal pode mesmo servir de exemplo, tais e tantas vezes ouvimos referências deste tipo. Comummente aceite ser a concepção de Almond e Verba, na sua obra The Civic Culture (1963).
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O CONCEITO MATRICIAL, CONTEXTO E ANTECEDENTES
Comecemos pelos antecedentes. Ao longo de todos os tempos, a dimensão simbólica das relações de poder, uma dimensão cultural, foi preocupação dos pensadores. Diferentes elementos respeitantes à dimensão cultural integram a história do pensamento político. Aristóteles e Sócrates já debatiam sobre a capacidade política dos cidadãos na sociedade. Platão tem porventura a primeira referência a valores morais dos cidadãos das elites duma dada sociedade como caracterizadores de diferentes tipos de