Cultura como manipulação e redenção
Ao retratar de Adorno, não se pode deixar de falar dos seus ricos e variados escritos acerca da cultura. Sua contribuição para a psicologia, para a sociologia e até mesmo para a filosofia, foi feita a partir do papel de crítico de posições teóricas precedentes, na qualidade de analista da cultura.
Com se sabe, o filósofo Adorno além de escrever na condição de músico e compositor, escreveu sobre muitos temas artísticos e dentre eles, belas críticas sobre literatura, sendo que seu próprio trabalho crítico também aspirou à condição de arte, como é o caso da obra Quasi una Fantasia, na qual estruturou aquilo que escreveu de maneira semelhante a uma composição musical.
É necessário que se entenda os dois significados do conceito “cultura” para que se possa dar continuidade ao estudo de Adorno. O primeiro sentido é antropológico, isto é, refere-se ao modo de vida: práticas, rituais, instituições e artefatos materiais, assim como textos, ideias e imagens. Outro sentido é elitista, ou seja, refere-se como suplemento de uma interiorização pessoal que entra em contraste com a superficialidade dos costumes burgueses, a cultura é identificada à arte, à filosofia, à literatura, ao teatro, aos chamados “propósitos humanizadores” dos homens “cultivados”. Esta como substituta da religião, surgiu por volta do século XX como modo das realizações mais nobres e dos valores mais elevados do homem, sempre em tensão, seja com a “cultura popular”, seja com as realizações mais matérias da civilização. Adorno teve como uma das principais aspirações superar a divisão formada pela tensão entre os sentidos de cultura antropológica e elitista, mas reconhece que a solução jamais poderia ser atingida no âmbito da própria cultura.
O filósofo mostra-se antipático com relação ao que se chamava por cultura popular, pois acreditava, assim como alguns conservadores, que a cultura de massa havia poluído os “templos da cultura”, sendo que esta é